segunda-feira, abril 24

CHÁ QUENTE #184


Jean-Marie Colombani
Director do «Le Monde»

O futuro é a Internet
(Excertos da entrevista o Expresso - Revista Actual)
Expresso - A imprensa está em vias de extinção?
JMC -Não é uma coisa do passado mas vai ter de aprender a viajar de diferentes maneiras. Aliás, já começa a aprender: tivemos o suporte de papel, amanhã o suporte – ecrã ou o suporte-papel, mas sob a forma de fotocópia em casa de cada um. Haverá várias maneiras de fazer viajar a informação.
(…)
E. -
Como se concilia a necessidade de exigência com a precaridade crescente e a lógica do lucro das empresas, que conduz ao abaixamento da qualidade?
JMC -
(…) O problema da precaridade é (…) um movimento geral da economia e não exclusivamente da imprensa, um fenómeno geral, mais vincado nuns sectores que noutros. Claro que não se fazem jornais de qualidade dessa maneira. Esses fazem-se com jornalistas que conhecem as suas áreas, com um certo grau de tempo de experiência, que progridem, porque adquirem um conhecimento e um talento que se vai forjando com o tempo.
(…)
E.-
Há défice de crítica nos jornais?
JMC -
Há um défice de autocrítica, de autocontrolo e de humildade, sobretudo. As derrapagens acontecem quando os jornalistas deixam de ser modestos face aos factos. Ora, os jornalistas existem para expor os factos antes de mais nada. Quando perdem essa noção e se empenham em combates pessoais ou políticos, as derivas podem acontecer. Esses incidentes traduzem antes de mais o facto de os jornais estarem num período de grande incerteza e interrogação sobre o próprio futuro do jornalismo, e a resposta por vezes é dada sob a forma de uma corrida desenfreada ao espectacular, o que é uma maneira de se extraviarem. É um sintoma de um problema mais geral, da transição que estamos a viver. E não temos outra resposta que não seja o autocontrolo, as regras internas, a vigilância, a ética profissional.
E. – A Internet também ameaça os jornalistas de extinção?
JMC - Já estão ameaçados pelas perturbações actuais.
O jornalismo já não tem o monopólio do jornalismo. E quem não perceber isso, morre, porque não saberá adaptar-se e não se transformará de forma a justificar de novo o seu trabalho.

As incertezas de Colombani
Chegou a altura em que as empresas de comunicação vão ter de responder à questão elementar, diz Colombani – Qual é o seu trabalho? Comprar papel ao mais baixo preço possível, pôr-lhe tinta e vender mais caro? (…) Ou fazer apenas informação, indiferente aos meios em que ela «viaja»?
Saber responder a essa pergunta vai ser crucial para o futuro das empresas de «media». Até agora, os órgãos de comunicação social viviam à custa do monopólio de informação pelos jornalistas. Mas eles perderam-no para os cidadãos, que com o desenvolvimento da Internet têm a impressão de ser melhor informados do que passando pelo canal do «media». Na net, dizia o director do «Le Monde», «as pessoas passeiam, escrevem, trocam dados e não precisam do jornalista, nem da televisão, nem da rádio, nem dos jornais».
Ora se os cidadãos se apoderam da informação, o que resta ao jornalista? Quando, ainda para mais, a opinião pública se comporta perante os jornais e jornalistas como estes face ao poder, isto é, desconfiando e criticando?
(…)
Para ele, que não tem receitas, é esta a palavra mágica, o ponto definitivamente assente e do qual depende a continuação dos jornais e do jornalismo: qualidade. E rigor e exigência. De modo a que se continue a valer a pena comprar um jornal. Seja sob que forma for que ele continue a existir, no papel, na net, ou tal como se anuncia já, como produto final de uma mera impressora caseira.


Cristalino! Mas, duvido que seja desta que os «iluminados da praça» concedam. Contudo, a partir de agora teremos a certeza de que só não o fazem por ignorância, mas por má-fé!Vão pensando nisso...até já!

domingo, abril 23

PURO PRAZER #225


Poemas em prosa
Oscar Wilde

O BENFEITOR
(…)
Quando atravessou o salão de calcedónia e o salão de jaspe e chegou ao grande salão de festas, viu estendido num sofá cor de algas vermelhas alguém cujo cabelo estava coroado por rosas rubras e cujos lábios estavam vermelhos de vinho.
Ele foi por detrás, tocou-lhe no ombro e disse-lhe: «Porque vives desta maneira?»
E o jovem virou-se e reconheceu-O. Pensou um pouco e disse-Lhe: «Mas eu estive leproso em tempos e tu curaste-me. De que outra maneira hei-de viver?»
Ele abandonou a casa e voltou novamente para a rua.
Passado um bocado avistou uma mulher cuja face e o vestuário estavam pintados e que trazia os pés ajaezados a pérolas.
E, por detrás dela, vinha furtivo como um caçador, um homem jovem que vestia um manto com duas cores. Nesse preciso instante a face da mulher era clara e honesta, como a de uma deusa, mas os olhos do jovem estavam cobertos de luxúria.
Então Ele correu rapidamente e tocou a mão do jovem e disse-lhe: «Porque estás a olhar para essa mulher dessa maneira?»
O rapaz virou-se e reconheceu-O. E disse: «Mas eu fui cego em tempos e tu deste-me a vista. Para que outra coisas deveria olhar?»
Ele correu para a mulher e tocou-lhe no vestuário pintado e disse-lhe: «Não existe outro caminho que não seja o caminho do pecado?»
A mulher virou-se e reconheceu-O. Riu e disse: «Mas tu perdoaste-me os pecados e este caminho é um caminho agradável.»
Ele saiu da cidade.
E quando saiu de lá, avistou, na beira da estrada, um outro jovem que estava a chorar.
Ele caminhou na sua direcção e tocando-lhe nas longas madeixas de cabelo perguntou-lhe: «Porque choras?»
E o rapaz olhou para cima e reconheceu-O. Pensando um instante, respondeu-lhe: «Mas eu estive morto em tempos e tu tiraste-me da morte. Que mais posso fazer do que chorar?»

CHÁ COM TORRADAS #120

Através de uma abordagem pró-activa a União Europeia pretendeu com a Estratégia de Lisboa transformar a necessidade de protecção do ambiente e de coesão social em oportunidades de inovação, crescimento e emprego. Para tanto, definiu as alterações estruturais a introduzir nas economias e sociedades e elaborou um programa positivo de orientação deste processo de transformação para a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos. Esta visão confirmou a natureza tridimensional inerente ao desenvolvimento sustentável, enquanto pedra angular de uma estratégia a médio/longo prazo, ou seja, aquele objectivo só pode ser atingido se conseguirmos conjugar crescimento económico, inclusão social e protecção do ambiente. O futuro da Região terá de ser considerado neste contexto global...

ESTRATÉGIA (I) , como sempre no DI ou n' O Bule do Chá.

sábado, abril 22

CHÁ QUENTE #183


Boletim Económico
- Primavera de 2006 -

Olivier Blanchard (via Aguiar-Conraria)
«...mesmo com reformas dramáticas, o crescimento da produtividade não acontece de um dia para o outro. Por isso, um outro meio, potencialmente mais rápido no restabelecimento da competitividade, é a diminuição do crescimento dos salários nominais, ou mesmo, dadas as circunstâncias, a diminuição dos salários nominais - se não se quiser apoiar no desemprego para conseguir o mesmo efeito ao longo do tempo. Existem outros meios? A resposta, basicamente, é: não existem
"Adjustment within the Euro. The Difficult Case of Portugal"
(ou)
«...é necessário regressar a um contrato único, mas a um contrato progressivo, um contrato que dê aos trabalhadores maior protecção à medida que fiquem na empresa. A palavra essencial é "progressivo". O que é necessário evitar, aquilo que aprisiona o sistema actual, é o efeito de "fronteira" [effet de seuil], que se produz no final dos contratos CDD. Num contrato progressivo, os direitos do empregado aumentam lentamente com o tempo: não existe o dia fatídico em que se tem de saltar de um contrato para o outro
"Emploi: la solution passe par le CUP (contrat unique progressif)"

NOTA: Lembro-me de pelo ano de 2001, numa mesa de amigos, ter sublinhado a necessidade da diminuição dos salários nominais (além da introdução dos contratos de trabalho) na função pública portuguesa. Quase fui linchado. Tal como então continuo a pensar que, não havendo rescisões, não há outro caminho...

sexta-feira, abril 21

CHÁ DAS CINCO #110

Da paz podre, ou como afinal «ainda mexe»...

"Berta Cabral tem muito peso em Ponta Delgada...
E não só em Ponta Delgada. No resto da ilha também. Berta Cabral extravasou o concelho e a ilha. É uma pessoa conceituada a nível regional.
O que nos leva novamente às eleições regionais. Há quem defenda que César avança se Berta Cabral for a candidata do PSD porque será o único com hipóteses de a derrotar...
Aquilo que disse para a Câmara de Ponta Delgada aplica-se para as eleições regionais. Se Carlos César se recandidatar, o PSD terá que apresentar um candidato forte, o qual poderá ser, eventualmente, o actual líder. Costa Neves tem um brilhante palmarés político. Mas não sei se daqui a três anos ele será o líder do PSD. Poderá haver uma terceira via, apesar de não falar de ninguém em concreto..."
Dionísio Leite, 7.04.2006

“….é necessário olhar "para a política como um serviço. Costa Neves tem o mérito de se predispor ao serviço da política, ao contrário de outros que se refugiam e escondem à espera de melhores tempos para saírem com vitórias eleitorais. Esta postura mais não é do que um erro, uma vez que quem escolhe o tempo são os cidadãos e a própria vida democrática." … "se existem figuras no PSD que se estão a guardar para melhores alturas, penso que estão a perder a oportunidade de servirem a democracia e que, mais tarde, poderão vir a arrepender-se", terminando referindo que "alguns militantes não podem pensar que pelo simples facto de não terem sido candidatos em actos eleitorais dos quais os seus partidos saíram derrotados, não foram também derrotados"
Clélio Meneses, 21.04.2006

Natalino cria movimento de CIDADANIA constituído por personalidades do meio político, social, empresarial e cultural, o movimento associativo, “Açores – Século XXI” tem por finalidade contribuir para a reflexão e discussão das problemáticas sociais, económicas e políticas relativas ao desenvolvimento da Região Autónoma dos Açores.
Jornaldiário, 21.04.2006

NOTA: Um movimento de cidadania (teremos um think thank?) é sempre bem vindo, mesmo que seja com intuitos político-partidários! Espero nele nasçam mais proposituras e menos diagnósticos. Já agora, não havia por aí outro movimento? Pois, haver havia! Procura-se Dr. Sá Couto...

quinta-feira, abril 20

CHÁ QUENTE #182

Do oxigénio e da falta dele ou como isto é demasiado mau para deixar passar
Pedem oxigénio para respirar. Vegetam. Estive a semana à espera da conferência de imprensa costumeira. Ela surge, infalivelmente, eles falham. Contradizem o que aprovaram. Aparecer é o mote. Tal como em 2000-2004. E mais uma vez falham! Aliás andaram a falhar toda a semana, na tv, nos jornais. Eu compreendo que seja difícil fazer uma oposição por falta de acesso a algumas fontes. Mas a outras não. Na Assembleia atrapalham-se e atropelam os outros! Não ajudam, não fazem nem deixam fazer! E a fiscalização política? E a propositura? E a alternativa? E as ideias? Nada vezes nada! Nada! Vegetam! Nenhum contributo palpável para um assunto estruturante para os Açores e que vai atravessar 3 legislaturas. Nem com um líder ex-deputado europeu, nem com um líder ex-secretário de estado para os assuntos europeus, nem com um vice-presidente eurodeputado. Nada de conteúdos, insistem nos procedimentos, na forma. Os formalistas sem substância, ou a substância do formalismo. Desde 2000 que na Europa não se fala de outra coisa: Estratégia. Lisboa, Gotemburgo, as revisões da Comissão Barroso, perspectivas financeiras 2007-2013, etc , está tudo na net e eles outra vez nada. O buraco negro, está lá mas.... nada! Porque devia ser assim e devia ser assado. Desobriga? E Estratégia? Ah, simples = 1/3 para infra-estruturas + outro 1/3 para empresas e + outro 1/3 para inovação. Simples, demasiado simples, oxidado e … perigoso! Por favor, peçam oxigénio para pensar!!!

CHÁ QUENTE #181

Aviso à navegação
(ou como o «efeito mancha de óleo» é fatal)

Principais Processos de Degradação do Óleo no Mar
Expansão na superfície: é um dos processos mais significativos durante os primeiros estágios de um derrame. A principal força atuante na expansão inicial do óleo é seu peso. Um grande derrame instantâneo irá, portanto, expandir mais rapidamente que uma descarga lenta. Esse efeito da gravidade é rapidamente substituído pelos efeitos da tensão superficial. O óleo se estende rapidamente sobre a superfície da água graças a ação combinada da gravidade e da diferença entre a tensão superficial da água e do petróleo. Durante os primeiros estágios, o óleo se expande como uma mancha coesa e sua velocidade também é influenciada por sua viscosidade. Um óleo de alta viscosidade se expande vagarosamente e, se estiver a uma temperatura abaixo de seu ponto de fluidez, não haverá expansão.

Nota: hoje não estou a falar dos blogues, mas podia...

CHÁ QUENTE #180

América entre o real e a ficção mas sempre no nosso ecrã. Depois de Geena Davis a fazer o papel de Presidente do EUA (a série não parece má se descontarmos os momentos soap do costume) será coincidência que na semana em que vai receber o presidente chinês Jintao, a superpotência emergente, Bush faz uma limpeza no seu Gabinete? Não me parece, até porque é isto que vai fazer com que as primeiras páginas dos jornais de referência (ver WPost, LATimes, o NYTimes) se encham de …Bush e não de questões sobre a predominância económica mundial dos EUA

Anyway, deste lado do atlântico alguns «brits» não estão com meias palavras

America meets the new superpower
ou então

… todos diferentes, todos iguais à procura uma boa primeira página?

terça-feira, abril 18

CHÁ QUENTE #179

Cherchez la femme (2) ou, pelo menos nas coisas do género, o sexo importa.
Esta não é matéria nova no Chá Verde nem pretendo dela arrepiar caminho ou colocar ponto final. Aliás cada vez mais se aborda a importância e o papel político, social e económico das mulheres na sociedade contemporânea. No entanto os ânimos exaltam-se quando se fala em introduzir instrumentos políticos que assegurem essa relevância. Os últimos 6 anos da minha vida profissional obrigaram-me a acompanhar as actividades da assembleia legislativa em permanência. Tenho pois o privilégio (ou azar para outros) de assistir, de forma mais ou menos desprendida, à maioria dos trabalhos, debates e intervenções parlamentares. Posso, assim, dizer, com algum grau de certeza, que a qualidade perpassa na maioria das intervenções parlamentares femininas (seja pela actualidade e importância dos temas, pelo cuidado e sensibilidade do trabalho, pela novas perspectivas de debate que abrem) e essa qualidade é proporcionalmente inversa à da das respostas ou questões que os seus colegas homens são capazes de trazer ou iniciar (a maioria por desconhecimento ou deficiente «formatação»).
Quero aqui esclarecer que falo de mulheres políticas que querem ser mulheres na política e não mulheres que querem ser como os homens da política – a diferença é como do dia para a noite mas isto agora não é para aqui chamado (mas aqui já foi aflorado). O que me interessa dizer é que não tem sido lembrado que a questão das quotas é instrumental naquelas que são as políticas mundiais do género. Por exemplo o «Roteiro para a igualdade entre homens e mulheres 2006-2010» define seis áreas de intervenção prioritárias da UE em matéria de igualdade entre homens e mulheres para o período 2006-2010: independência económica; conciliação da vida profissional e familiar; representação equitativa na tomada de decisões; erradicação de todas as formas de violência em razão do sexo; eliminação dos estereótipos de género; e promoção da igualdade entre homens e mulheres nas políticas externa e de desenvolvimento.
Está claro que o papel da mulher a nível mundial obriga a uma intervenção pública política, social e economicamente integrada. A meu favor tenho, outra vez, a The Economist: “… Governments, too, should embrace the potential of women. Women complain (rightly) of centuries of exploitation. Yet, to an economist, women are not exploited enough: they are the world's most under-utilised resource; getting more of them into work is part of the solution to many economic woes, including shrinking populations and poverty…” ou então “…It seems that if higher female labour participation is supported by the right policies, it need not reduce fertility. To make full use of their national pools of female talent, governments need to remove obstacles that make it hard for women to combine work with having children. This may mean offering parental leave and child care, allowing more flexible working hours, and reforming tax and social-security systems that create disincentives for women to work…”
Os Açores cresceram nos últimos 10 anos ao nível da sua população activa feminina mas também ao nível da sua instrução. Quer isto significar que o potencial humano de conhecimento e de trabalho qualificado das mulheres na Região continua a ter margem de progressão e deve ser uma aposta segura. Aliás será tanto mais segura a sua aposta quanto só assim estarão conseguidos os requisitos indispensáveis para que as economias e demografias mais debilitadas das nossas ilhas da coesão tenham futuro. Apostar no feminino é apostar certo. As políticas, até agora, exclusivamente, assistencialistas de protecção do género não têm outro caminho que serem substituídas por políticas integradas de potenciação do género.
Podíamos agora teorizar com Simone de Beauvoir que «nenhum fatalismo biológico, psicológico ou económico determina a figura que o ser feminino possui na sociedade; é a civilização no seu conjunto que determina essa criatura» mas isso pode ficar para estas senhoras, neste momento interessa-me mais que nesta matéria, como em tudo o mais, possamos e devamos ir mais longe: seja, incentivando a maternidade, facilitando a empregabilidade mas sobretudo a formação e o empreendedorismo; seja, avançando com a paridade nas listas para a assembleia legislativa (50% homens/mulheres).
Entretanto, como o mundo é «giro» e gira, depois de Bachelet, Alonen e Timochenko é capaz de sair uma Ségolène Royal na roleta gauloise. Ce sont les temps qui changent…

CHÁ COM TORRADAS #119

Luminária, s. pessoa que faz luz sobre um determinado assunto - como um editor, quando não escreve sobre esse assunto.

In Dicionário do Diabo, Ambrose Bierce. Ed. Tinta da China, 2006.

segunda-feira, abril 17

CHÁ DAS CINCO #109

A entrevista de Duarte Freitas ao Açoriano Oriental de ontem é reveladora de que em Bruxelas só não aprende quem não quer. Tendo-lhe saído um brinde em 2004 o Eurodeputado sabe que esta é uma oportunidade única que não deve desperdiçar. E tem feito por isso. O acesso aos dossiers europeus e o contacto com interlocutores altamente qualificados obrigaram-no a abandonar o discurso de contabilista com que nos habituara no plenário regional e dão-lhe alguma sustentabilidade técnica que tenta capitalizar como trunfo político. Não sabemos se em 2009 Duarte Freitas será um político melhor do que era em 2004 (afinal há coisas que não se aprendem em Bruxelas) mas sabemos, seguramente, que, dentro do PSD/A, relativamente aos seus companheiros de geração que cá ficaram (J.M. Bolieiro, Pedro Gomes e Clélio Meneses), estará em grande vantagem. Resta saber se então a carteira falará mais alto que a ambição política…

domingo, abril 16

CHÁ QUENTE #178

Foi com agrado que recebi a chamada de atenção da Dia D para os Think Thanks. Este fenómeno incontornável nas sociedades mais avançadas consegue na sua versão mais pura enriquecer a governação e o debate público com as ideias baseadas em conhecimento e não em meras opiniões. Apresentam-se com as seguintes premissas: 1) Organizações de carácter permanente; 2) São especializadas na produção de soluções para as políticas públicas; 3) Têm pessoal interno permanente dedicado à investigação; 4) Produzem ideias, análises e recomendações; 5) Dão grande ênfase à comunicação dos resultados do seu trabalho aos decisores políticos e opinião pública (internet); 6) Não têm responsabilidades ao nível da governação; 7) Não pretendem estar ao serviço de qualquer interesse especifico: ambicionando independência para a sua pesquisa; 8) Não oferecem graus académicos e a formação não é a sua actividade principal; 9) Procuram agir, de forma explícita ou implícita, em benefício do interesse público (ver entre os melhores Notre Europe, Institute for Fiscal Studies, Brookings Institute, Cato Institute).
Nesta como em outras matérias se Portugal está na fase zero (ver SEDES), os Açores estão na menos um. Uma sociedade civil estruturalmente apática (a que eu prefiro chamar de difusa) é, nas palavras de Constança Cunha e Sá (Atlântico – Abril), uma sociedade civil que, «ao contrário do que os liberais apregoam, não quer ser “libertada” de um Estado que a asfixia: quer que o Estado assegure a sua sobrevivência e garanta as suas justas necessidades». As razões parecem-nos óbvias e menos maquiavélicas do que alguns preferem fazer crer: o Estado, no nosso caso os órgãos de governo, não asseguram só a coesão nacional/regional, respondem também às expectativas de uma classe média frágil. Ora a sociedade açoriana dificilmente pode alcançar as condições para a formação de Think Thanks nos seus estados mais puros, designadamente ao nível do financiamento autónomo, e tendo uma população demasiado reduzida que dificilmente faz dispensar pessoas apenas para a investigação. Mas pode tentar cumprir com a maioria dos restantes requisitos. Deve! A matéria prima existe: falamos de ideias!
Vejamos que os Think Thanks são fundamentais na maturidade do processo democrático, pois significam a passagem de uma fase em que apenas existem opiniões para a fase em é o conhecimento a sustentar as decisões, por isso a Região não se pode afastar desse caminho. Já foi aqui aflorada a necessidade de uma fundação Antero de Quental, eu próprio já chamei à atenção para a criação de um centro de estudos autonómicos (Aristides Moreira da Mota) qualquer um deles poderia estar ligado à Assembleia Legislativa, mas os partidos na Região também têm esse tipo de obrigações e devem criar centros ou grupos de estudo que os sustentem nas sua tomadas de posição. Mas enquanto nada disso avança olhemos para o que temos e tentemos tirar o melhor proveito. Um blogarquipélago que ainda procura mais as razões para a sua existência e menos a exploração das suas potencialidades. Vejamos se algum dia será possível fazer alguma página (ver Project Sindicate) em que se pudessem reunir algumas cabeças pensantes da praça e especialmente no estrangeiro (não os opinon makers de «vão de escada») para o verdadeiro escrutínio e divulgação de pensamento. Por outro lado, temos alguns institutos e associações de peso e nomeada (IHIT, ICPDL, NCHorta, a UA, o Fórum Açoriano) mas não se percebe porque ainda funcionam como verdadeiras sociedades secretas em matéria de proposituras públicas (honrosa excepção ao IAC). Dizem-me que os tempos mudam, mas as vontades…

PURO PRAZER #224


Splendor in the Grass

Bud: You're nuts about me, aren't you? You're nuts about me....
(After making out a while, he begins to touch her below the waist.)
Deanie: No, Bud...
Bud: (He pushes her down to her knees in front of him.) At my feet, slave.
Deanie: Bud, don't.
Bud: Tell me you love me.
Deanie: Bud, you're hurting me.
Bud: Tell me you can't live without me. Say it.
Deanie: I do.
Bud: You do what?
Deanie: I do love you.
Bud: And you can't live without me...And you'd do anything I'd ever ask you, anything.
Deanie: (fearfully) I-I'd do anything for you.
Bud: Deanie, I didn't mean to hurt you. (She lies on the floor, curled up protectively.) Deanie, Deanie! Deanie, I was just kidding. Look, I'm the one who should go down on his knees to you, Deanie. Deanie, I was just kidding. I thought you knew that.
Deanie: (sincerely) I can't kid about these things. Because I am nuts about you, and I would go down on my knees to worship you if you really wanted me to. Bud, I can't get along without you. And I would do anything you'd ask me to. I would! I would! Anything!

(mais uma vez perante esta sublime cena o único comentário que me permito fazer é de incompreensão para com aqueles que do filme apenas lembram a citação do Wordsworth)

sexta-feira, abril 14

PURO PRAZER #223


ESTE é
o nosso Judas sempre obscuro!
Sete portas o encobrem
e sete exércitos engordam sob o seu ministério.
Máquinas aéreas o arrebatam
e pesado da peliça e da tartaruga
depositam-no nos Elísios e nas Casas Brancas.
E não tem nenhuma língua porque as tem todas –
e nenhuma mulher por as ter todas –
o Omnipotente!
Maravilham-se os inocentes
e junto ao brilho dos cristais sorriem os de negro vestidos
e agitam-se nos antros do Licabeto
as tigrezas seminuas!
Mas o sol não tem por onde levar a sua fama ao futuro,
e Dia do Juízo não o há, pois
nós, irmãos, nós é que somos o Dia do Juízo

e nossa a mão que há-de ser divinizada –
lançando os trinta dinheiros em plena cara!

Louvado Seja, Odysséas Elytis. Ed. Assírio & Alvim, 2004

CHÁ QUENTE #177


Depois de sofrer as agruras, e saborear os remédios, dos tempos modernos (em poucas horas passei de pecador a absolvido sem sequer ter passado pelo confessionário) vou meter uma colher de chá (blasfema?) nesta quadra pascal lembrando uma moralidade sem Deus:
"...like other psychological faculties of the mind, including language and mathematics, we are endowed with a moral faculty that guides our intuitive judgments of right and wrong. These intuitions reflect the outcome of millions of years in which our ancestors have lived as social mammals, and are part of our common inheritance.
Our evolved intuitions do not necessarily give us the right or consistent answers to moral dilemmas. What was good for our ancestors may not be good today. But insights into the changing moral landscape, in which issues like animal rights, abortion, euthanasia, and international aid have come to the fore, have not come from religion, but from careful reflection on humanity and what we consider a life well lived.
In this respect, it is important for us to be aware of the universal set of moral intuitions so that we can reflect on them and, if we choose, act contrary to them. We can do this without blasphemy, because it is our own nature, not God, that is the source of our morality
."

quinta-feira, abril 13

PURO PRAZER #222


He stopped crying. You have replaced him as it were. The tears of the world are a constant quantity. For each one who begins to weep somewhere else another stops. The same is true of the laugh. Let us not then speak ill of our generation, it is not any unhappier than its predecessors. Let us not speak well of it either. Let us not speak of it at all. It is true the population has increased.
–Waiting for Godot

quarta-feira, abril 12

CHÁ QUENTE #176


Carlos Vidal
(aqui)

Cherchez la femme* ou como fidelizar o público feminino
Folheando a Atlântico deste mês leio a Carla Hilário Quevedo a discorrer sobre a blogosfera. Segundo essa Bomba … Inteligente por aqui os homens mostram-se mais comedidos, mais recatados, talvez mais neuróticos. Falam, sobretudo, de política, de religião, da actualidade, de literatura. E talvez seja mesmo disso que queiram falar (talvez sublinho eu). Contudo, sempre que um homem escreve sobre assuntos relacionados com sexo, paixão ou amor as respectivas caixas de comentários enchem-se de mulheres, que «vêm aos magotes, ansiosas por comunicar com um perfeito estranho sobre assuntos em que são especialistas: sexo, amor e paixão». Ora, eu até já tinha dado por isso e não é de ânimo leve que no meio da politiquice deixo cair um «puro prazer». Mas hoje vou tentar «pegar de cernelha». Também na Atlântico (que querem deu-me para isto e até recomendo a deste mês) o Pedro Lomba (outro blogger, deve ser fruta da época) vem-nos falar do realismo conjugal e de um conjunto de conclusões que se podem retirar através da leitura deste «Famílias de Portugal». Para o articulista a relevância do livro é a confirmação dos números para o que já se sabe: em Portugal, em matéria de escolha dos cônjuges, continuamos tão realistas e convencionais como antigamente. Cá não há lugar para «ímpetos, riscos, romantismos ou incertezas os cônjuges portugueses são criaturas praticamente iguais entre si». O elemento que predomina nas escolhas conjugais é a proximidade social e profissional (um terço encaixa neste padrão). Agora digam-me lá senhoras se não compreendem que, para este fruto de um casal que teve que fugir para casar, esta área da nossa vivência em sociedade se esteja a tornar num perfeito busílis!?

(*) d'après Carlos Riley

CHÁ DAS CINCO #108

Gene Sperling desenvolve no seu The Pro-Growth Progressive: An Economic Strategy for Shared Prosperity a seguinte tese:
Too many on the right side of the political spectrum approach these challenges of the dynamism economy with an unhelpful ideological presumption that less government always leads to higher economic growth. And too many on the left start with the presumption that restricting competition to protect jobs or ensure wages and benefits can be counted on to help working families in the long term. We are left with a deficit of serious discussion on policies that both respect and even embrace the power of markets while ensuring that growth does not come at the expense of our progressive values.
O progressismo americano ou o "progressismo para o desenvolvimento" nas palavras de Peter Berkowitz assenta nas seguintes constatações:
"...with partisan rage exploding all around, too few conservatives and too few progressives today appreciate that the economic policy of both should be informed by two broad principles which provide a common ground for debating their differences. First, the free market must be firmly supported, both by upholding the rule of law — enforcement of contracts and of liability for accidents, the protection of private property, the maintenance of freedom of communication and movement — and through the restraint of zealous regulators. Second, an affluent, postindustrial, liberal democracy must provide a minimum level of care for those who, owing to poverty, age, illness, or misfortune, are unable to provide for themselves.
It is to be expected that in a free society these two principles will be in more or less constant tension. And it is to be expected that Republicans will tend to be more solicitous of the claims of the market — the individual virtues that it elicits and the benefits that it confers upon society as a whole — and Democrats will tend to be more solicitous of the claims of government’s obligation to provide relief from the market’s excesses, blind spots, and breakdowns. But it’s no longer enough to have a party of capitalism representing the one principle and a party of the welfare state representing the other and to hope that the political process will yield a viable compromise. What Republicans and Democrats need to quarrel about is not the validity of one or the other economic principle, but their proper mix
..."
Ora, em que é que isso nos importa? perguntam vocês, se calhar em nada respondo eu, até porque na Região não existe um confronto esquerda/direita. E nem é por falta de comparência da esquerda, como diz Manuel Melo Bento, é porque da direita até o Nuno Barata se envergonha (ver Factos de Abril).

terça-feira, abril 11

CHÁ QUENTE #175

Do paternalismo soft ou como o Estado toma conta de ti.
A The Economist avança com um excelente artigo sobre como as novas políticas paternalistas do Estado estão a ser vistas em particular nos EUA. “LIBERALS sometimes dream of a night-watchman state, securing property and person, but no more. They fret that societies have instead submitted to the nanny state, a protective but intrusive matriarch, coddling citizens for their own good. Economists, with their strong faith in rationality and liberty, have tended to agree. As many decisions as possible should be left in the individual's lap, because no one knows your interests better than you do. Most of us have gained from this freedom. But a new breed of policy wonk is having second thoughts. On some of the biggest decisions in their lives, people succumb to inertia, ignorance or irresolution. Their private failings—obesity, smoking, boozing, profligacy—are now big political questions. And the wonks think they have an ingenious new answer—a guiding but not illiberal state.” Ou o Soft Paternalism!
Ora isto sabe que nem ginjas na questão do anteprojecto de decreto-lei sobre o tabaco colocado em discussão pública no final da semana passada que prevê a proibição de fumar em locais de trabalho, bares, discotecas e restaurantes, permitindo que sejam criadas áreas para fumadores só nos estabelecimentos com 100 metros quadrados ou mais. Eu não fumador, que até nem sou um militante antitabagista, entendo que já vai sendo tempo de por ordem na casa. Ouvi por aí os lobbys da restauração chorando «baba e ranho» e inventando mil desculpas para conseguir a excepçãozinha. Contra esses, e fazendo fé na firmeza do Governo, remeto para alguns dados disponíveis do site do Ministério da Saúde:
A proibição de fumar em locais públicos fechados tem como objectivos:
- Proteger a saúde dos trabalhadores e utilizadores de espaços públicos fechados, através da eliminação da exposição ao fumo passivo do tabaco;
- Reduzir doenças e mortes evitáveis e melhorar a qualidade de vida da população (conduzindo à redução de custos decorrentes do tratamento dessas doenças).
O fumo ambiental do tabaco é o principal poluente evitável do ar interior, para o qual não há um nível seguro de exposição. O fumo ambiental do tabaco é, comprovadamente, um carcinogéneo humano do grupo 1. A exposição ao fumo ambiental do tabaco aumenta o risco de cancro do pulmão nos não fumadores expostos nos locais de trabalho em cerca de 20%. Aumenta, igualmente, o risco de doenças cardiovasculares. Agrava várias doenças respiratórias agudas e crónicas, em particular a asma (risco aumentado de 40 a 60% do número e gravidade de crises, bem como aumento das admissões hospitalares), provoca irritação nasal e ocular e agravamento de patologias alérgicas. Os doentes crónicos, cardíacos e pulmonares, têm um pior controlo da sua doença, registando agravamento da sintomatologia e uma expectativa de vida inferior. O risco é tanto maior, quanto maior o tempo e a dose de exposição.
Os trabalhadores em locais fechados são os principais expostos, em particular os trabalhadores em discotecas, bares e restaurantes, que podem ter níveis de exposição muito superiores aos da população em geral e bastante superiores aos verificados em outros locais de trabalho (valores confirmados por parâmetros biológicos).
A proibição de fumar em locais públicos fechados, para além da protecção da saúde dos trabalhadores, permite atingir outros objectivos de saúde pública:
- Reduz o consumo activo por parte dos fumadores;
- Diminui a importância social do consumo – menos exemplos para crianças e jovens e menor exposição nos espaços domésticos, devido ao aumento da cessação tabágica que a medida indirectamente provoca.
Estamos conversados!!!
Restam-me agora algumas "aves emplumadas" «so called liberals» que gostam de aparecer a falar mal do estado intervencionista. Para esses lembro o Princípio do Dano de Stuart Mill desenvolvido no seu «Sobre a Liberdade» “o único fim em função do qual se pode legitimamente exercer poder sobre qualquer elemento de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é a prevenção de possíveis danos sobre terceiros. O seu próprio bem, físico ou moral, não constitui razão suficiente.” Embrulhem!
Mas este arrazoado todo não quer dizer que os impulsos paternalistas do Estado o ilibam das suas hipocrisias. A esse Estado hipócrita que precisa dos impostos sobre o álcool e o tabaco para sustentar a suas políticas e que admite o patrocínio de bebidas alcoólicas ou das tabaqueiras em provas desportivas continuarei a apontar o dedo…

segunda-feira, abril 10

É d'HOMEM #83

O presidente da Assembleia Legislativa dos Açores convidou o Presidente da República Cavaco Silva, para uma visita ao arquipélago por ocasião do 30º aniversário da autonomia, que se celebra a 05 de Junho. "Estamos a celebrar 30 anos de autonomia constitucional e manifestei o desejo de ver o senhor Presidente connosco, assim a agenda dele o permita", disse Fernando Menezes, à saída da audiência. Maravilha das maravilhas, sempre a aprender, um estrondo de novidades afinal estamos (estamos? ah pois estamos...) a celebrar os 30 anos da autonomia constitucional e a data do aniversário é no dia dos Açores e da pombinha...

CHÁ QUENTE #174

Li e reli e nem queria acreditar. Dizes Pedro que "Bem ou mal, mais ou menos obscuros, a realidade é que os partidos têm mecanismos internos de auto controlo. E formas de legitimação e de escrutínio pela sociedade. Descredibilizar a actividade partidária é uma das mais perigosas formas de demagogia." Cof ... cof desculpa lá, importas-te de repetir? Então não é V.Ex.ª que tem por mote «merecíamos políticos melhores»? Sendo que os políticos que temos provêm em exclusivo dos partidos como é que ficamos? Quando o afirmas, e reafirmas, peremptoriamente, não estás a descredibilizar a actividade partidária? Se não, descredibilizar os políticos é o quê? Só o indivíduo? Só os homens, mas nunca os partidos que os «criaram»? Se tiveres paciência ... aguardo explicações, e, entretanto, curiosamente, continuo na minha caminhada repetindo, precisamente o contrário, que «temos os políticos que merecemos» e que a oligarquia partidária enfraquece a democracia moderna...manias!

P.S. Por falar em democracias modernas parece-me que o Pedro e o André arrotaram o pepperoni cedo demais...

domingo, abril 9

CHÁ QUENTE #173

Variações sobre um anúncio

Dionísio de Sousa e o seu «ódio» de estimação!
A saga continua...

CHÁ DAS CINCO #107

"...Sabendo que, face às novas doutrinas, este modelo linear, em que as políticas são da exclusiva responsabilidade dos dirigentes, tenderá a ser substituído por um círculo virtuoso, baseado nas reacções dos interessados, nas redes e na participação a todos os níveis, desde a elaboração das políticas até à sua aplicação. Significa que, além da reforma da administração territorial, já por nós apontada, é fundamental a reforma do papel dos órgãos do governo da Região, da sua estrutura e dos seus processos. Querem maior desafio colectivo que este?"

BOA GOVERNANÇA, no DI ou no Bule do Chá

CHÁ QUENTE #172 (Act.)

Infância . Educação . Formação . Juventude
(4 documentos - 1 política)
O futuro começa aqui?



Extended Schools and Childcare Group
Sure Start is a Government programme which aims to achieve better outcomes for children, parents and communities by:
- increasing the availability of childcare for all children
- improving health and emotional development for young children
- supporting parents as parents and in their aspirations towards employment.

We will achieve our aims by:
- helping services development in disadvantaged areas alongside financial help for parents to afford childcare
- rolling out the principles driving the Sure Start approach to all services for children and parents.
Higher standards and better schools for all
Schools White Paper. It sets out a new phase of reform in the education system. The White Paper sets out how Labour will extend choice to parents from low socio-economic groups by breaking down the barriers that discourage applying to better schools. No longer will it be acceptable for young people to be denied the opportunity to achieve their full potential, whatever their abilities and talents; or for artificial barriers to prevent choice and diversity from playing its full part in delivering a good education for every child.
Further Education: Raising Skills, Improving Life Chances
In the 14-19 White Paper, we set out our plans to transform opportunity for young people through changes to curriculum, qualifications and the organisation of education and training, so that every young person would be able to pursue a course of study that prepares them for success in life. Central to this is the introduction of 14 new specialised diplomas, available to every young person aged 14-19, wherever they are in the country. The Bill makes access to Diplomas an entitlement for every young person everywhere. In order to deliver the entitlement to young people aged 14-16, schools will need to work with each other and with colleges and other providers – the Bill also empowers them to enter into formal collaboration with FE Colleges. The Bill will revolutionise the provision of school meals. It establishes the power to create tough new nutritional standards for food and drink served in maintained schools to ensure that all children have access throughout the day to good quality food and drink. The Bill will give local authorities responsibility for making sure young people have a range of exciting and positive things to do in their spare time, as promised. This will increase their access to new opportunities and new experiences, and empower them to shape the services they receive.
Something to do, somewhere to go, someone to talk to
Youth Green Paper, Youth Matters Teenagers are our future leaders, entrepreneurs and parents and their experience of youth is hugely significant in shaping the direction they take in their lives. So it is time for a youth strategy that is shaped by young people - based on listening to and trusting young people to develop the services they want and need to fulfil their true potential. This relationship with young people - built on trust and responsibility - must be a new frontier in British politics.

sexta-feira, abril 7

PURO PRAZER #221


A água

No café trazem-me um copo com água
como se ele resolvesse todos os meus problemas.
É ridículo – penso – não há saída.
No entanto, depois de beber a água
fico sem sede.
E a sensação exclusiva do organismo
acalma-me por momentos.
Como eles sabem de filosofia – penso –
e regresso, logo a seguir, à angústia.


Gonçalo M. Tavares
(Poetry International Festival Rotterdam 2002)

quarta-feira, abril 5

CHÁ DAS CINCO #106

Coisas realmente importantes
(tão perto e tão longe)

Recomendações aos Poderes Públicos e aos Estrategas:

a) Reconhecimento


• Reconhecer o papel da Educação Artística na preparação dos auditórios e dos diferentes sectores do público para apreciarem as manifestações artísticas;
• Ter em conta a importância do desenvolvimento de uma política de Educação Artística na qual os laços entre comunidades estejam em articulação com as instituições educativas e sociais e o mundo do trabalho;
• Reconhecer o valor das práticas e projectos de sucesso na área da Educação Artística, desenvolvidos a nível local e culturalmente pertinentes. Reconhecer que os projectos futuros devem reproduzir as práticas de sucesso até agora aplicadas;
• Dar prioridade à necessidade de uma melhor compreensão e de um reconhecimento mais profundo por parte do público das contribuições essenciais dadas pela Educação Artística aos indivíduos e à sociedade;

b) Desenvolvimento de políticas

• Traduzir a crescente compreensão da importância da Educação Artística na alocação de recursos suficientes de modo a traduzir os princípios em acção, criar um reconhecimento acrescido dos benefícios da arte e da criatividade para todos e apoiar a concretização de uma nova visão da arte e da aprendizagem;
• Conceber políticas de investigação nacional e regional no domínio da Educação Artística, tendo em conta as especificidades das culturas ancestrais e dos grupos de populações vulneráveis;
• Estimular o desenvolvimento de estratégias de aplicação e de controlo com vista a garantir a qualidade da Educação Artística;
• Dar à Educação Artística um lugar central e permanente no currículo educativo, devidamente financiado e com professores competentes e de qualidade ;
• Tomar em consideração a investigação na tomada de decisões sobre o financiamento e os programas e articular as novas normas de avaliação do impacto do Ensino Artístico, dado que é possível demonstrar que a Educação Artística pode contribuir de modo significativo para a melhoria do desempenho dos estudantes em domínios como a alfabetização e a aprendizagem do cálculo, além de produzir benefícios humanos e sociais ;
• Garantir uma continuidade que vá mais longe do que os programas governamentais nas políticas públicas dos Estados sobre Educação Artística;

c) Formação, Aplicação e Apoio

• Pôr à disposição dos artistas e dos professores uma formação profissional tendente a elevar a qualidade das prestações em Educação Artística ministradas a nível regional;
• Fazer da formação e da preparação dos professores de arte uma nova prioridade dentro do sistema de educação, permitindo-lhes contribuir de forma mais eficaz para o processo de aprendizagem e para o desenvolvimento cultural, e fazer da sensibilização para a arte uma parte da formação de todos os professores e actores da educação ;
• Disponibilizar professores formados e artistas aos estabelecimentos escolares e de educação informal de forma a permitir e promover o desenvolvimento e a promoção da Educação Artística;
• Integrar a arte no currículo escolar e na educação informal;
• Tornar a Educação Artística disponível dentro e fora das escolas a todos os indivíduos, independentemente das suas aptidões, necessidades e condição social, física, mental ou situação geográfica;
• Produzir e disponibilizar em todas as escolas e bibliotecas os recursos materiais necessários para o ensino da arte, nomeadamente espaço, meios audiovisuais, livros, materiais e ferramentas artísticas;
• Proporcionar às populações locais uma Educação Artística em moldes adequados aos seus métodos culturais de ensino e de aprendizagem, acessíveis nas suas próprias línguas, tendo presentes os princípios contidos na Declaração sobre a Diversidade Cultural da UNESCO;

d) Parcerias e Cooperação

• Promover parcerias entre todos os ministérios e organizações governamentais envolvidos para desenvolver politicas e estratégias de Educação Artística coerentes e sustentáveis;
• Encorajar as autoridades governamentais a todos os níveis para que unam os seus esforços aos dos educadores, artistas, ONG, grupos de pressão, membros da comunidade empresarial, do movimento laboral e da sociedade civil para criar planos de acção e mensagens de patrocínio específicos;
• Encorajar o envolvimento activo das instituições culturais, fundações, media, indústrias e membros do sector privado na educação artística;
• Integrar parcerias de escolas, artistas e instituições culturais no centro do processo educativo;

e) Investigação e partilha do Conhecimento

• Desenvolver um banco completo de dados dos recursos humanos e materiais sobre a Educação Artística e torná-los acessíveis a todos os estabelecimentos escolares, nomeadamente através da Internet;
• Assegurar a difusão da informação sobre a Educação Artística, sua aplicação prática e seu acompanhamento pelos Ministérios da Educação e da Cultura;
• Encorajar a criação de colecções e de inventários de obras que enriquecem a Educação Artística;
• Reunir documentação sobre a cultura oral de sociedades em crise;

terça-feira, abril 4

PURO PRAZER #220


Il Gatopardo
"...éramos leões e leopardos e o nosso lugar foi tomado por chacais e ovelhas ... mas todos - leões, leopardos, chacais e ovelhas - continurão a pensar que são o sal da terra..."

segunda-feira, abril 3

CHÁ QUENTE #171

Confrontado com a questão de saber se os blogues podem contribuir para a unidade regional Dionísio de Sousa responde assim – “O blogue é um suplemento da alma, para esta procura permanente de uma realidade que culturalmente e geograficamente nos tende a fechar dentro de uma ilha, mas que todo o açoriano sente necessidade de libertar-se pelas formas que tiver disponíveis. O blogue é uma arma ou um instrumento para isso.”

domingo, abril 2

POST(AL) AUTONÓMICO #27

30 ANOS DE AUTONOMIA CONSTITUCIONAL
A Assembleia Constituinte vigorou entre Abril de 1975 a Abril de 1976. A sua eleição realizou-se no dia 25 de Abril, com a participação de 91,2% dos portugueses com direito a voto e o seu funcionamento cessou a 2 de Abril de 1976 com a aprovação da Constituição, trabalho para o qual havia sido criada. Integravam a Constituinte os seguintes Deputados Açorianos:
Angra do Heroísmo

José Manuel Costa Bettencourt (PPD)
Rúben José de Almeida Martins Raposo (PPD)
Horta
Germano da Silva Domingos (PPD)
Ponta Delgada
Américo Natalino Pereira de Viveiros (PPD)
João Bosco Soares Mota Amaral (PPD)
Jaime José Matos da Gama (PS)

A 2 de Abril de 1976, na última reunião da Assembleia Constituinte, após a leitura da Constituição, foram feitas declarações políticas pelos partidos, seguidas pela votação global do articulado e declarações de voto. A sessão solene de encerramento teve lugar às 22.00 horas, com a presença na Mesa do Presidente da República General Costa Gomes, do Primeiro-Ministro Vice-Almirante Pinheiro de Azevedo, do representante do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Almirante Silva Cruz e do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Juiz Conselheiro Almeida Borges. Usaram da palavra o Presidente da Assembleia Constituinte e o Presidente da República, tendo este assinado o decreto de promulgação da Constituição.
Considerada como uma das mais progressistas no mundo, a Constituição Portuguesa continua a ser, passados 30 anos, uma referência internacional no que aos direitos, liberdades e garantia diz respeito. Mas, ao contrário de 1976, no que às Autonomias territoriais concerne, encontra-se alguns furos atrás do que já vai acontecendo na Europa...
Segundo os Diários da Constituinte, o calendário legislativo do Capítulo da Autonomias foi o seguinte:
18 e 19 de Março de 1976
Envio à Mesa do articulado e parecer aprovados pela 8.ª Comissão e início da sua apreciação na generalidade.
23 de Março de 1976
Aprovado na generalidade, por unanimidade, o Parecer da Comissão sobre "Açores e Madeira".
24 e 25 de Março de 1976
Iniciada e concluída a discussão e votação na especialidade da matéria dos "Açores e Madeira"
No Da Autonomia transcreveremos os trabalhos e debates, referentes à Autonomia Constitucional, constantes dos Diários da Constituinte n.os 122,123 e 124 dos quais podemos destacar as intervenções dos deputados eleitos pelos círculos dos Açores.

sábado, abril 1

PURO PRAZER #219


Portrait of an Old Man in Red, Rembrandt

Improbalidade, n.

Contou a sua história com solenidade,
Com terna e melancólica graciosidade.
Improvável, ninguém duvida,
Para uma mente esclarecida,
Mas todos, na audiência embevecida,
Fascinada e surpreendida,
A uma só voz disseram que nunca alguém escutou
Coisa tão fantástica como a que ele contou –
Todos não, pois houve um que não falou,
Ficando só ali sentado,
Quieto, muito calado,
Sereno, com uma indiferença que se notou.
Então, todos para ele olharam
E, com minúcia, o observaram –
Cada gesto, cada olhar;
Mas ele parecia nem reparar,
Cada vez mais sossegado,
Como se não fosse ele o visado.
«Que estranho! Perante história tão incrível»,
Disse um, «ficar tão frio e insensível!».
O outro, de forma irrepreensível,
Levantou o olhar
E começou a falar,
Aquecendo os pés ao lume, vagaroso:
«Não me impressiona, pois eu também sou mentiroso.»

Dicionário do Diabo, Ambrose Bierse. Ed. Tinta da China, 2006

CHÁ QUENTE #170


Sexo, já se sabe!

(brevemente numa estação perto de si)